Vinho e gastronomia de mãos dadas
Os nomes da quinta e do restaurante encontram-se na adega na cozinha, dão-se as mãos à esa, para momentos de fruição promessa de prazeres futuros. A concepção dos pratos de cada enu e sua conjugação hão-de ser pistas para casamentos uturos, lá em casa (por que não?), entre uma asca disto ou aquilo e uma flute daquela colheita, um tinto de boa casta.
Que a concepção da casa obedeceu à intenção de divulgar a culinária regional, privilegiando o leitão, adivinha-se desde logo pela integração, de raiz, na própria memória descritiva do projecto, de um forno destinado à assadura do réquinho. E as referências nas redes sociais ainda atribuem ao local as virtudes todas desse brinco – o forno contempla a utilização das vides retiradas na limpeza das vinhas.
A verdade é que o leitão à Bairrada já não figura na ementa. Hoje, o cardápio está organizado por menus, desde logo o que responde por Grande Encontro. Aí se contempla um camarão fumado, salva e tártaro de cenoura e courgette, a que se liga, na proposta, o espumante Cabriz Dão
Touriga Nacional rosé Bruto 2006. Já para a truta assada com figo e damascos, puré de grão-de-bico e salsa frisada é sugerido o Encontro 1 Bairrada branco 201.
Nas carnes, o lombinho de borrego grelhado, esparregado de grelos e macaxeira frita, vem com um Grande Encontro Bairrada tinto 2008. Por fim, aos doces, a Quinta das Tecedeira comparece num Porto Vintage 2007, a enfrentar um enrolado de ovos- -moles, seu gelado e salada de fruta fresca. Já o Menu Preto Branco arranca com atum marinado com funcho, vinagrete de toranja e canónigos, assessorado por espumante Cabriz Dão Encruzado Bruto 2007; chamuça de enchidos serranos, salada de ananás dos Açores, creme de coco e azeite de coentros, em que os copos acolhem um Quinta de Lourosa Regional Minho Alvarinho – Arinto 2011; segue-se terrina de porco bísaro, chips de batata-doce e rúcula, mais o Preto Branco Bairrada Reserva tinto 2009; pudim de cenoura, chocolate negro e caruma de camelo, embalado pela Quinta das Tecedeiras Porto LBV 2009, completam o quadro.
Vamos ao Menu Bical, casta acarinhada nos brancos bairradinos: tempura de legumes, creme de queijo da Serra da Estrela e zimbro, mais espumante Quinta do Encontro Bairrada Bruto 2008; centro de bacalhau frito, arroz de tomate assado e hortelã da ribeira, com um QdoE Bairrada Bical 2011; creme queimado de espumante Quinta do Encontro, acolitado de Conde de Sabugal Douro Moscatel 2009. E lá vão 24 euros. Agora o Menu Encontro, nos seus 17 euros. Abre com um creme de abóbora, espuma de camarão e cebolinho, com espumante QdoE bruto, seguido de um caldo de cogumelos, osso-buco estufado e estaladiças de legumes, regado a QdoE Bairrada tinto 2009. À sobremesa comparece o soufflé de lima, gelado de nata e hortelã, mais o Conde de Sabugal Douro Moscatel 2009.
As perspectivas de visita e convívio familiares obrigam a menus de criança, sob a forma de bife do lombo com creme de manteiga ou massa com cogumelos, queijo e bacon. Bastam 12,5 euros para esta experiência abstémia. O visitante não fica, no entanto, obrigado, a consumir um menu. Os pratos já referidos estão disponíveis, cada um por si. E os vinhos, claro, à escolha. Pela prova, é uma grande experiência. O chefe de cozinha está à altura, sem arrebiques de descrição. Cada preparação culinária, numa refeição destas, há-de servir o vinho que a convoca. Gostámos e aplaudimos.
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